30/08/2006, ( Elisângela Santos )
 
 

Juazeiro do Norte (Sucursal) — O Centro de Cultura Popular Mestre Noza e Associação dos Artesãos Padre Cícero, deste Município, estão sendo representados, com 14 artesãos associados à entidade, no encontro da 5ª reunião do Grupo de Trabalho do Núcleo de Bioma da Caatinga, da Secretaria da Biodiversidade e Florestas, Ministério do Meio Ambiente, que termina hoje, em Fortaleza. Na ocasião, será realizada discussão e avaliação da proposta da Associação Pernambucana de Apicultores e Meliponicultores sobre a declaração da umburana-de-cambão como espécie imune de corte. A madeira é a principal matéria-prima utilizada para os artistas esculpirem.

O talho facilitado, para moldar as peças, a leveza e a resistência ao cupim estão entre as principais vantagens de se trabalhar com a umburana. Um dos aspectos importantes, a ser abordado pelos artistas, é que não há desmatamento na atividade, já que trabalham com o aproveitamento de troncos de madeira secos.

Juazeiro conta hoje com cerca de 500 artesãos escultores em madeira, que utilizam principalmente a umburana como matéria-prima para desenvolver seus trabalhos — somente no Mestre Noza são 125. A idéia de proibição do corte da espécie tem preocupado os artistas, que mantêm suas famílias por meio dos trabalhos desenvolvidos com criatividade, no talho da umburana, para dar vida a uma das atividades da arte popular com referência em vários países da Europa e dos Estados Unidos.

Dentre os temas explorados durante o evento, está o Programa de Conservação e Uso Sustentável da Biodiversidade da Caatinga (Probio), apresentado pelo consultor Enrique Mário Riegelhaupt, além da metodologia de atualização das áreas prioritárias do Probio e seu documento-base. Hoje será apresentado o relatório do Projeto Demonstrações de Manejo Integrado de Ecossistema da Caatinga, (GEF – Caatinga).

O coordenador do Núcleo de Bioma da Caatinga, Antônio Edson Guimarães Farias, em correspondência enviada à entidade, em Juazeiro do Norte, afirma que a proposta da Associação Pernambucana de Apicultores chegou ao gabinete da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, e ao Conselho Nacional do Meio Ambiente. Em seguida, foi encaminhada à Secretaria da Biodiversidade e Florestas para análise e parecer. A providência inicial foi analisar a proposta. “Sabedores que uma das matérias-primas mais utilizadas pelos artesãos da associação e de outras da região é a umburana-de-cambão, o assunto é de grande importância para os artesãos de Juazeiro do Norte”, diz.

A coordenadora da Associação, Lourdes Batista, diz que os trabalhos realizados pelos artesãos de Juazeiro já percorreram diversas partes do Brasil e do mundo. São representantes de várias galerias de arte de capitais nordestinas e de países da Europa e dos Estados Unidos que vêm a Juazeiro conhecer os trabalhos e encomendar peças. Segundo Lourdes, a produção dos artesãos ainda é muito pouco valorizada pelos caririenses.

O artesanato de Juazeiro, conforme Lourdes, é muito aceito em Fortaleza e Recife. Na Capital cearense, ela cita a importância da parceria com órgãos como a Ceart, que compra pelo menos 15% das peças produzidas, além da parceria com o Sebrae, que durante o mês de junho realiza a Rodada de Negócios, período em que as vendas aumentam consideravelmente. A Prefeitura local entra com o prédio e as despesas de água e luz. Mas, a entidade passa por dificuldades, uma delas está relacionada à ausência de espaço, já que as peças ficam praticamente amontoadas, causando uma grande poluição visual. O colorido alegre expresso em cada escultura se mistura — uma riqueza, traduzindo a identidade de um povo e que precisa urgentemente ser valorizada.

Para a coordenadora, é importante se construir um primeiro andar no local e há um espaço para isso, mas faltam recursos. Lourdes não acredita que haja a proibição do corte da madeira. Os artesãos de Juazeiro do Norte são pais de família e se mantêm com a arte que produzem.

Fonte: http://diariodonordeste.verdesmares.com.br/cadernos/regional/ambientali…

Em: 21/05/2017

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