Ação de plantar

A plantAção é reflorestamento. Constitui-se de iniciativas de visibilidade necessárias. São contribuições de uma arte que se preocupa com a remediação ecológica, em ações que buscam saídas do problema do aquecimento global. Temos que fazer algo, temos que re-Agir urgentemente. No projeto imburana, platamos até o momento, 130 unidades da planta: 3 estacas plantadas em museus do Recife, 1 muda na Trienal Frestas de Sorocaba, e um Renque de 126 estacas no terreno.

Desde a década de 1960, a questão do reflorestamento, se evidencia em trabalhos de arte. Com o desenvolvimento de soluções originais e viáveis para a reabilitação de locais degastados, a remediação de solos, águas, reflorestamentos e, em geral, a reintegração de fauna e flora.

O artista americano Alan Sonfist criou em 1965 'Time Landscapes', uma floresta dentro do centro urbano de NY para, segundo o artista, "visualizar uma maior compreensão de nossa história natural". Time Landscape foi concebida em 1965 e plantada em 1978, 13 anos após sua concepção; consiste em plantas que eram nativas da área da cidade de Nova York nos tempos pré-coloniais, re-plantadas em um terreno retangular de 45 pés X 200 pés (13,716mX60,96m = 836,2736m2), demarcado por grades e situado na parte inferior de Manhattan, no canto nordeste de La Guardia Place e West Houston Street.

 

time landscapes

O artista brasileiro Daniel Caballero, recupera na periferia e re-planta em praças e terrenos do centro, espécies nativas do cerrado, um bioma em risco de extinção, mas que também existem em São Paulo.

Os 2 trabalhos acima, tratam de recuperação de espécies originais, replante em centros urbanos, com enfase no papel educador do arte e compromisso ecológico do artista, porém o projeto imburana tem afinidades conceituais mais acentuadas à prática de Sonfist. Quando Sonfist fala em "visualizar uma maior compreensão de nossa história natural". Como nos textos originais do projeto imburana, ele também da ênfase na visualização do problema, como preocupação de trabalho.

Assim como os artistas de Land Reclamation (60-70) no projeto imburana encaramos nossa prática artística como parte de um esforço ecológico mais global. Atuando concretamente na reabilitação em um local que sofreu danos.

-Considerar a natureza como discussão escultórica, Time Ladscapes é uma escultura ambiental, e o projeto imburana também se inscreve no campo da arte. « Nous ne pouvons pas séparer l'art de la nature ». Em 1971 Robert Smithson propõe projetos de reabilitação que permitam que locais degradados adquiram status artístico. Smithson escreve: Em todo o país existem campos de carvão, pedreiras abandonadas, lagos e rios poluídos. Uma forma eficaz para usar esses lugares devastados seria reciclar a terra e a água como parte do Land Art (Robert Smithson, « Untitled », in The Writings of Robert Smithson, 1979, p. 220.) Smithson queria “acentuar as cicatrizes da paisagem, trabalhando na memória do local garantindo que os delitos da exploração industrial não fossem esquecidos.

Podemos também evidenciar as afinidades do Projeto Imburana com a prática do Sonfist nas operações seguintes:

  • A implicação da instituição na iniciativa de salvagarda de espécie em risco de extinção no ARC de Filand: “Selecionamos 100 museus com esta confiança. O CRA pode ser exibido com a instrução anexada. Eventualmente, os ARCs serão devolvidos ao museu original quando a floresta for destruída. "

     

  • -A delimitação de área: a grade construída em Time landscapes e a grade prescrita em ARC of Finlland , operam nos 2 projetos de Sonfist, uma visão em perspectiva de proteção : “with a special enclosure to protect them for future generations». Essa visão de proteção, também com cerca, para o futuras gerações se verifica no projeto Imburana.

Desde o final da década de 1970, Alan Sonfist, projetou mais de quinze projetos de reflorestamento em áreas urbanas e peri-urbanas. Obras que lembram os moradores da cidade da história natural e, em certos aspectos, da história cultural de sua região. Em Cercaviva nota-se esse caratér da obra se extendendo para outros lugares, vamos encontrar essa operação também em 700 carvalhos e nos projetos que os projetos de reabitição de lugares desgatados de Smitson.

A concepção de um esquema de plantio de árvores “que se expande para outros lugares” remete ao esquema de planAções da Cercaviva do projeto imburana, bem como, a fila carvalhos de beuys remete ao Renque de imburanas.

Em 1982, Joseph Beuys começou o projeto 7000 Oaks na Documenta 7, em Kassel, Alemanha. Seu plano previa o plantio de 7.000 árvores por toda a cidade de Kassel - cada uma emparelhada com uma pedra colunar de basalto com aproximadamente um metro e meio de altura e posicionada acima do solo. O projeto levou cinco anos para ser concluído e a última árvore foi plantada na abertura da Documenta 8 em 1987. Beuys pretendia que o projeto Kassel fosse a primeira etapa de um esquema em andamento de plantio de árvores que se estenderia por todo o mundo como parte de uma missão global para desencadear mudanças ambientais e sociais . Localmente, a ação foi um gesto de renovação urbana. Em 1988, a Dia Art Foundation instalou cinco colunas de pedra de basalto emparelhadas com cinco árvores na 548 West 22nd Street, expandindo 7000 (7000 Oaks) para Nova York. Em 1996, a Dia ampliou a instalação plantando 25 novas árvores, cada uma emparelhada com uma pedra de basalto, na West 22nd Street, da 10ª à 11ª Avenida. Nesse momento, Dia também adicionou sete pedras ao lado de árvores preexistentes, elevando o total do projeto para 37 árvores com pedras. As espécies de árvores representadas incluem pera Bradford Callery, Hackberry comum, ginkgo, pagode japonês, Zelkova japonesa, Littleleaf Linden, Pin Oak, sicômoro e Locustídeo de espinho.)

 

700 carbalhos
7000 Oaks ; Kassel, 1982-1987 , Documenta 7-8
beuys ny
7000 Oaks, Chelsea, NY, 1988 – Dia Art Foundation

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

1992, Sonfist enviou pacotes semelhantes para 100 museus. Na carta que o acompanha, ele escreveu que era hora de a arte começar a celebrar a natureza, em vez da conquista humana. Ele expressou preocupação particular com a poluição e a ameaça que essa conquista representava para as florestas do mundo. Os pacotes de sementes do ARC enviados aos museus pelo Sonfist são como cápsulas do tempo em miniatura, ou arcas, carregando as sementes do futuro.

 

sonfist
Alan Sonfist - ARC de Finlande VIII / XX, 1992
carta, pedaço de madeira

"Caro diretor
À medida que nos aproximamos do final do século, as condições ambientais estão mudando rapidamente. O planeta inteiro está aquecendo e a água e a terra estão sendo alteradas pela poluição industrial. Não podemos separar a arte da natureza.
Tradicionalmente, a arte celebra atos de importância humana, como heróis de guerra, como cavalos de bronze. Agora que percebemos nossa interdependência com o meio ambiente, devemos prestar homenagem ao nosso patrimônio natural.
Desde a década de 1960, venho criando '
Time Landscapes', florestas em nossos centros urbanos para visualizar um melhor entendimento de nossa história natural. Agora que as condições ambientais em todo o mundo estão mudando rapidamente as florestas mundiais, estão se expandindo. A crescente poluição industrial está destruindo árvores básicas em todo o mundo, como o abeto na Finlândia e o bordo de açúcar nos Estados Unidos. Eles desaparecerão no próximo século.

Como obra de arte, confio ao seu museu o ARC of Finland, que contém sementes de árvores ameaçadas de extinção da região norte da Europa. Selecionamos 100 museus com esta confiança / para esta tarefa. O ARC pode ser exibido com a instrução anexada. Eventualmente, os ARCs serão devolvidos ao museu original quando a floresta for destruída. As sementes serão então plantadas em um involucro especial para protegê-las para as gerações futuras". Alan Sonfist

Agumas ideias portam uma percepção alegórica e transcendente da natureza, como vemos no Cristo Redentor / Série Transcendências de Chang Chi Chai, cuja proposição é plantar mudas de ipê amarelo na cidade do Rio de Janeiro formando o contorno ampliado da sombra da estátua do Cristo Redentor projetada a partir de suas costas. A ideia de “plantar para que os descendentes desfrutem” compartilha a perpectiva de futuro com o projeto imburana e as preocupações de "Protejer para as gerações futuras » dos projetos de Sontfist e também de Smithson e Beuys, como se fosse inerente aos trabalhos de reflorestamento esse “estado de allors”, pra depois.

No entanto, a inserção de obras de reflorestamento no campo da arte não é perceptível nas iniciativas de artistas como Mestre Manoel que, em conjunto com a Associação de Santeiros de Ibimirim, tem um projeto que é não viável, para a produção de mudas e plantio de 1000 árvores. Esses artistas, assim como os apicultores da região, defendem a transformação da imburana em patrimônio público oficial, como medida de proteção. A preocupação salvacionista da proposta ganhou visibilidade e produziu discussão na mídia e na política, mesmo que projeto que não tenha vingado,
A Oficina de Carrancas Francisco Biquiba Dy Lafuente Guarany desenvolve um projeto de reflorestamento de imburana em Santa Maria da Vitória – BA. O artista plástico polonês Franz Krajberg morou no sul da Bahia, onde manteve seu ateliê no Sítio Natura, no município de Nova Viçosa. Neste Sítio, com área de 1,2 km², vestígio de Mata Atlântica e manguezais, o artista plantou mais de dez mil plantas de espécies nativas.
Sebastião Salgado e sua esposa Lélia replantaram 2,5 milhões de árvores em Minas Gerais. Eles enfrentaram o desafio, há quinze anos, de replantar as árvores perdidas, nos 750 hectares da antiga fazenda de seu pai, devastada pelo desmatamento, para “reviver o ecossistema da Mata Atlântica ".
No entanto, esses artistas não reivindicam essas iniciativas como arte.

Edson Barrus, 8 de outubro de 2020.

http://projetoimburana.com/pt/arte-e-imburana

 

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